Praia

Já faziam alguns dias que Brooke chegara no Acampamento, mas não poderia dizer que havia realmente conhecido alguém. Na verdade, apenas fizera o que todos campistas pareciam fazer: treinara com armas, praticava canoagem, ia aos estábulos, comia no pavilhão, oferecia uma parte a sua mãe, e outras coisas estranhas. Sozinha, sentava em alguma parte do Acampamento e lia algumas revistas de moda.

Mas até agora não chegara nem mesmo a falar seu nome a alguém, nem mesmo aos seus meios-irmãos. De alguma forma, aquilo não a incomodava muito. Sentia-se melhor tendo um tempo inteiro só para ela, assim como tinha em sua antiga casa. Antiga vida, como gostava de pensar. Ela nunca tivera muitos amigos mesmo, se parasse para pensar.  Sabia que estava no Acampamento, mas com seus deveres de sátiro e sabe-se os deuses mais o quê, ela mal o via. Estava pensando nisso naquela tarde quando decidiu visitar a praia, após um longo dia de treino com punhais. Ela realmente se dava melhor com essa arma do que espadas ou adagas.

Era prática, fácil de se esconder, mortífera e não tão pequena como uma simples adaga. Estava cada vez mais gostando dali - talvez pudesse realmente sentir-se em casa novamente. Talvez até tivesse um pégaso. Riu para si mesma, pondo os pés na areia. Estivera de sandálias, mas resolvera tirar para sentir a areia fina e macia passar pelos pés nus.Estava com roupa de banho, portanto, caminhou mais um alguns metros até um ponto aonde a água chegaria aos seus pés e sentou-se sobe uma toalha que pegara do seu chalé. Logo o sol sumiria. Era uma tarde gostosa, até.

Pensava em como estaria minha vida se ainda estivesse aonde deveria estar, ou seja, em casa. Mais também me perguntava porque a vida todas minha mãe se escondeu de mim. Será que foi para me proteger? Ou porque ela não desejava saber de seus filhos? E como estaria papai agora, sozinho com a aquela bruxa, minha odiável madrastas, que apesar de odiá-la , também sentia a sua falta. Desde que cheguei ali, me perguntava qual era o propósito de tudo aquilo, tantos treinos, tantas tarefas. Nunca desejei ser uma guerreira, a minha vida toda sonhei em ser uma grande Top Model e estilista. Era impressionante como a minha vida mudou num piscar de olhos.

Por um instante perdida em meio aos meu pensamento vagos, avistei um rapaz sair do mar em direção a areia. Talvez fosse um dos filhos de Poseidon, mais não ele era másculo demais para tal, apesar de que não avia visto filhos de tal deus perambular pelo camp, poderia ser um dos filhos de Ares, sim a semelhança com os demais era evidente. Mais avia algo mais, ele tinha uma coisa que me chamava a atenção, não era o corpo, apesar de que era uma coisa bem interessante para se notar, mais era a forma com a qual ele me olhava.

Esnobei por um breve momento, voltei meu olhar para o mar, mais não consegui por muito tempo, puxando levemente o óculos, o observava se sentar sobre a areia, bem era uma bela visão diga-se de passagem, mais não seria ele que desviaria o meu pensamento. Levantei-me, prendi os cabelos em um logo e alto rabo de cavalo no alto da cabeça, tirei a minha canga, deixando-a ali, junto com os óculos, parti em direção ao mar. A agua por sua vez estava deliciosamente boa, na temperatura certa. Logo uma onda não muito grande veio, essa era a deixa, mergulhei sumindo com a mesma.

Água, doce e adorável seja salgada, doce , quente ou fria da forma mais densa possível, ela sempre seria boa e agradável. Nadando ali, notava a beleza das coisas, pensava em como poderia existir lugares lindos e diferentes. Belezas naturais e encantadoras, nada superficial ou nada que a natureza humana pudesse tentar inventar ou copiar.

Era hora de voltar a vida, voltar a superfície terrestre e acordar para a realidade que me rodeia. Submergi, passei a mão tirando o excesso de água do cabelo. Caminhava lentamente em direção a areia morna daquele lugar.

A visão ali era terminantemente tentadora, meu olhos não conterão em olha-lo nem que fosse de relance a cada segundo. Será que deveria descobrir quem era? Ou será que deveria sair correndo? Mais ai vem a voz no seu interior: "Correr pra onde, Brooke?" - ri do meu próprio pensamento.

Não tinha nada a perder, todo mundo fala que as proles de Afrodite não deveriam ser tímidas e nem mal vestidas, pois bem, estava muito bem vestida para o local, e tentaria não ser tímida.

Peguei a canga e a vesti com suavidade, caminhei em direção ao até então desconhecido, o que falar? Bem não sabia, diria a primeira coisa que viesse a minha cabeça.

Parando ao lado dele, tossi levemente - Olá! - indaguei num tom suave - Você tem protetor? - sorri gentilmente, colocando as duas mãos para traz, votando o olhar para o chão. A deixa estava lançada, coisas poderiam acontecer: ou ele diria que não e me esnobaria... Ou ele diria que sim, iria me emprestar e puxaria assunto ou talvez pudesse nem querer me responder, ou até diria que não mais mesmo assim iria conversar comigo. Então o que seria? Era somente nisso que eu pensava.

Me sentia como uma menina de 6 anos ganhando um pirulito pela primeira vez, não pera, estava mais para uma adolescente histérica do lado do seu ídolo. Mesmo não sabendo quem ele era, ele me causava certo desconforto. - Obrigado! - agradeci pegando um pouco do produto, devolvendo para o dono.

Esfreguei por diversas vezes, aquilo na mão, passei um pouco no rosto, braços, pernas e barriga. Não era legal ficar vermelha parecendo um camarão, daqueles que se compra em mercados de pesca, bem vermelhos. Num suspiro leve, notei que o até então desconhecido não tirava os olhos de mim.
Sua voz era rouca, um tom firme e forte - Russo?... - sorri, era perceptível aquele sotaque para mim, o pai da minha adorável madrasta, era um russo nato. - E filho do grande e poderoso deus da guerra, certo? - eu sempre fazia isso quando ficava nervosa com alguma coisa, fazia pergunta uma atrás da outra.

Notei o semblante do garoto mudar, acho que não avia começado a conversa do jeito certo. "Parabéns Brooke, você acaba de melar a conversa!" - pensei . - Sem problemas, acho que foi eu que, entrei no assunto errado. - dizia voltando  olhar para o meu pé.

Suspirei e ri com o elogio, pronto era a hora de mudar o ambiente e o clima, que avia pesado ali. - Obrigada! - corei por um instante - Não necessariamente... - pensei um pouco - ... dizem que sou uma das proles de Afrodite, mais não sei se me acostumei com a ideia, de ter uma mãe deusa. - franzia a testa.

Com as mãos por traz das costas, mexia nas pontas do cabelo, era normal eu fazer aquilo, ou melhor, era uma grande mania minha. - Sou Brooke! - sorri, lhe estendendo a mão para o comprimento - Brooke Stone Buttler, filha de...- pensei em falar Afrodite, mais nem a conhecia, nem sabia como ela era, nem sei se ela realmente gostaria ne mim - filha do Drº Joseph Buttler

Acho que a situação avia melhorado ali, pelo menos ele me parecia mais calmo. -Sim, claro! Mais vou até ali buscar as minhas coisas, só um momento.- foi a resposta que dei, antes de me sentar sobre a areia ao lado do rapaz, fui até aonde estava antes, peguei meus óculos, os coloquei no rosto, peguei a minha revista e as minhas sandálias.

Voltei rapidamente, me sentando ao seu lado, confesso que fiquei um tanto, como poderia dizer, desengonçada. Porque? Nem eu sabia o porque mais estava. - Então, como veio parar aqui Yvon? - sorri levemente, voltando o olhar para o mar, ele estava divino aquela tarde. Voltei meu olhar para o rapaz ao lado, afinal precisava ouvi-lo.

A brisa leve batia contra o meu rosto, aquilo era bom, sempre gostei de me sentar na varanda da minha casa, para sentir a leve e agradável brisa do fim de tarde. Ali não seria diferente, mais quase sempre estava sozinha, mais não hoje.

Ouvia o garoto atentamente, assim como eu, ele tinha um certo receio de saber quem era o seu pai, no meu caso era com a mãe. - Realmente não sei. - ri - Engraçado isso né?! - puxei os cabelos os colocando de lado, puxando as suas pontas - Bem, no meu caso, o meu pai me contou. Ele me disse que minha mãe o amou muito, mais que ela teve que partir assim que eu nasci. Estou meio perdida aqui, não sei por que e nem pra que vim pra este lugar. - suspirei fundo.

Voltei o meu olhar para o garoto, o rosto dele tinha traços bem marcados, era bonito. - Mais em fim... Então, me fale mais de você, senhor Yvon! Fale sobre você, sobre a Russia, um dia ainda quero conhece-la, Moscou deve ser encantadora. - lhe sorri gentilmente.

Pela primeira vez desde que cheguei naquele lugar, me sentia confortável com alguém, alguém que eu nem sabia quem era mais, me sentia bem ao seu lado. Meu rosto queimava todas as vezes que ele me olhava, era algo diferente pra mim, ninguém me ocasionava aquela sensação de conforto e desconforto, tudo ao mesmo tempo.

O sol começava a se esconder, dando lugar as estrelas, mais eu nem me importava muito, a conversa estava boa - Entendo! E sei bem como é viver no mesmo lugar a vida toda. - estiquei o meu corpo um pouco pra traz, me apoiando sobre os braços. - Bem, quanto a Rússia, o meu "avô", que na verdade é pai da minha madrasta, é Russo. E ele fala de sua tão amada pátria com afoito e orgulho. Por isso notei o seu sotaque. - ri novamente.

Voltei meu olhar para o mar, meu pai sempre dizia que quando o sol o tocava era possível ouvi-lo chiar sobre a água - Se abrir é sempre bom, faz bem a alma - me aproximei do mesmo e sussurrei - Não se preocupe, eu não conto pra ninguém! - sorri para ele e voltei a olhar o mar.

Era inevitável olha-lo, aqueles olhos conseguiram me hipnotizar acho que por um bom tempo, tempo suficiente para ficar corada e sentir as mãos suarem. -Bem! - toci desviando o olhar - Diferente da minha madrasta, ele realmente adorável, as vezes penso que ela não poderia ser filha de um homem tão bom ... - esbocei um sorriso leve -...Ele sempre dizia que ela avia herdado o gênio da mãe. - suspirei um pouco. - Eu iria para Russia, era meu presente de natal, mais as coisas mudaram e vim parar aqui. O olhei por um instante, logo desviei o olhar para o chão, mais um suspiro me evadiu, causando em mim uma sensação de leveza.

Sabe, quando você percebe que esta sendo olhada de uma forma diferente e ameaçadora, ou talvez, de uma forma que faça com que seu rosto queime e te deixe totalmente sem reação alguma, era dessa forma que ele conseguiu me deixar.